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Leila Moura

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Síndrome X Frágil(SXF)




A Síndrome X Frágil (SXF), também conhecida como Síndrome Martin-Bell, é uma doença genética considerada a causa mais comum de retardo mental herdado, com uma incidência estimada em 1/4000 homens e 1/6000 mulheres.
Essa síndrome ocorre em virtude de uma mutação no gene FMR1 (Fragile Mental Retardation 1)localizado no cromossomo X. Os homens afetados por essa síndrome a apresentam em grau moderado; enquanto as mulheres a apresentam em grau leve, podendo ter o funcionamento mental normal.
Síndrome X Frágil é mais frequente no homem, talvez porque ele possua apenas um cromossomo X. Portanto, sendo esse X defeituoso, não haverá outro X sadio para compensar, como ocorre na mulher, que tem dois cromossomos X.
As pessoas afetadas por essa síndrome apresentam algumas características físicas que podem se tornar mais evidentes após a puberdade, são elas:
  • Face alongada;
  • Orelhas grandes e em abano;
  • Mandíbula proeminente;
  • Testículos aumentados (macrorquidia).
Alguns indivíduos podem apresentar ainda algumas características, como:
  • Hipotonia muscular;
  • Comprometimento do tecido conjuntivo;
  • Pés planos;
  • Palato alto;
  • Prolapso da válvula mitral;
  • Prega palmar única;
  • Estrabismo;
  • Escoliose;
  • Calosidade nas mãos (decorrente do hábito de morder as mãos);
A característica mais significativa de uma pessoa afetada por essa síndrome é o atraso no desenvolvimento, mas é importante lembrar que os graus de deficiência das crianças portadoras da Síndrome X Frágil são muito variados. Os indivíduos portadores dessa síndrome podem apresentar algumas características cognitivas, como:
  • Excelente memória;
  • Bom vocabulário;
  • Habilidade para leitura;
  • Facilidade na identificação de sinais gráficos e logotipos;
  • Uso de jargões e frases de efeito;
  • Seguem instruções ao “pé da letra”;
  • Fala repetitiva;
  • Podem dar importância a aspectos irrelevantes;
  • Ecolalia (repetição de fonemas).
O dessa síndrome é feito através de exame citogenético (cariótipo). É importante lembrar que se for diagnosticada a Síndrome X Frágil, os outros membros da família também deverão se submeter ao exame.
O da Síndrome X Frágil consiste em terapias especiais e estratégias de ensino que ajudam as pessoas afetadas por essa síndrome a aumentarem o seu desempenho. Uma equipe multidisciplinar composta por fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, neurologistas, e outros profissionais, tanto da saúde como da educação, devem fazer o acompanhamento do indivíduo acometido por essa síndrome.

Por Paula Louredo
Graduada em Biologia

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Como o aluno aprende segundo Izquierdo, ainda é uma incógnita para os professores

Para o pesquisador, docentes devem conhecer princípios básicos da neurociência.
Nascido em Buenos Aires, em 1937, Iván Izquierdo veio para o Brasil em 1973 e, posteriormente, em 1978, fixou residência em Porto Alegre, onde vive até hoje. O médico, pós-doutor pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, é um dos pesquisadores brasileiros mais reconhecidos e premiados em todo o mundo e uma autoridade quando o assunto é biologia cerebral, principalmente nos estudos da memória e do aprendizado, temas com o qual trabalha desde os 19 anos. Em entrevista ao Jornal do Comércio, o coordenador do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) fala, entre outras coisas, sobre a importância dos conhecimentos de neurociência no ensino, a necessidade de o professor saber como o aluno aprende e o papel das emoções no aprendizado.
Jornal do Comércio - O que se sabe hoje a respeito de como o cérebro aprende?
Ivan Izquierdo - Sabe-se muita coisa. Temos avançado bastante no conhecimento sobre como aprender, como formar memória e evocar memória. Essas são três coisas que hoje conhecemos bem. Conhecemos os mecanismos, tanto em termos de quais lugares do cérebro participam, quanto de quais processos bioquímicos intervêm em cada um desses lugares.
JC - O ensino nas escolas brasileiras é muito calcado no uso da memória. Essa é a melhor forma de fazer com que alguém realmente aprenda algo?
Izquierdo - Já não é tanto assim. Os construtivistas acabaram com isso. O que é muito ruim, porque era útil. Há algumas coisas que só podem ser adquiridas decorando-as. Tudo o que aprendemos é por meio da memória, mas há formas e formas. As tabuadas de multiplicação, por exemplo. Não há forma alguma de aprender isso por meio de raciocínio. Tem de ler e repetir até que se guarde. O mesmo vale para poesias e letras de música. Para essas coisas, é necessário decorar. Não há outra forma. Então, não é ruim decorar. Para muitas coisas serve e é imprescindível, já para outras, não é tão prático ou útil.
JC - Como a neurociência pode ser usada por educadores para aprimorar o aprendizado dos alunos?
Izquierdo - Já ajudou e ajuda. Os brasileiros estão começando a se dar conta de que isso é importante. Os educadores estão começando a aprender um pouco de neurociência. Estão se dando conta de que há horas e idades em que o cérebro pode aprender e outras em que não pode, pois não amadureceu o suficiente. É uma questão de ensinar para cada um o que corresponde com a sua idade e com o seu conhecimento prévio.
JC - Os professores ensinam sem saber como o aluno aprende?
Izquierdo - Sem saber absolutamente nada de como o aluno aprende. Creio que seja um dos últimos países do mundo onde acontece isso. Se não entendermos como alguém aprende, não vamos poder ensinar. Isso é simples. Por isso que o ensino anda tão mal no Brasil. Porque se ensinam coisas para alunos que não conseguem aprender. Porque, ou se ensina no momento errado da vida dele ou no momento errado da escolaridade. O aprendizado é vagaroso, leva anos. Todas as coisas têm seu tempo e seu momento. E isso depende do aprendizado prévio e da idade da pessoa. Do grau de maturação, que não é influído só pela idade, mas também pelo meio.
JC - O que o professor deveria saber sobre neurociência para poder ensinar melhor?
Izquierdo - Por exemplo, saber que existe um cérebro, como ele funciona basicamente, coisa que a maioria dos professores não sabe. É o cérebro dos alunos que vai aprender, e isso os professores nem pensam, porque não acham que seja assim. Acham que se aprende com ele falando e o outro ouvindo. Quem aprende é o cérebro e o faz de muitas maneiras ao mesmo tempo, e isso o professor tem de saber. Saber o que é aprendizado, o que é memória, onde ela se faz, como se faz. Uma vez que aprenda isso, terá muito mais facilidade em ensinar.
JC - Não usar isso é um atraso?
Izquierdo - É um atraso horripilante. Somos o 88º país no ranking mundial de educação e o 7º no ranking da economia. Sem dúvida que muito passa por isso.
JC - As crianças e os jovens fazem muito uso de ferramentas advindas das novas tecnologias da comunicação e da informação, como a internet. Isso pode alterar o processo de cognição?
Izquierdo - As novas tecnologias alteram muito o processo de cognição. Facilitam enormemente, porque poupam trabalho ao cérebro. O cérebro não tem de aprender e memorizar uma série de coisas, porque isso está no Google, ou em um programa, ou se obtém da internet de alguma maneira.
JC - O que leva uma pessoa a esquecer de algo que aprendeu em determinado momento da vida? É o desuso ou é a forma como aprendeu?
Izquierdo - O desuso pode levar a atrofia dos neurônios que fizeram aquela memória. Ele faz com que as sinapses desapareçam. O uso, por sua vez, estimula as sinapses. A forma como aprendeu também (pode afetar). Temos de pensar que perdemos a maioria das coisas que aprendemos. A terceira palavra de minha frase anterior, por exemplo. Eu não lembro mais, você não lembra mais. Ambos usamos esta palavra, você para entender o que eu estava dizendo e eu para dizer o que queria. Muitos pedaços de informação se perdem. Duram só alguns segundos, ou milissegundos. Isso se chama memória de trabalho e tem essa sina de morrer logo depois que nasce. E graças a Deus que é assim. Imagina se lembrássemos daquela terceira palavra, estaríamos continuamente repetindo-a, e ela nos prejudicaria a entender o resto.
JC - O que influencia para que essas partes fiquem na memória?
Izquierdo - São aquelas que nosso cérebro acha, com base nas suas experiências, que são importantes. A nossa vontade pouco tem a ver. O cérebro faz isso automaticamente. O mais importante para o cérebro é a sobrevivência e, para isso, a coisa que ele mais lembra são as memórias ruins. Memórias de coisas boas são bonitas. Mas, se esquecermos de olhar para a esquerda quando atravessamos uma rua, seremos atropelados. Essas coisas aprendemos desde cedo e são as mais importantes.
JC - O ensino em sala de aula tende a ser promovido de uma forma racional, com as emoções sendo deixadas de lado. Qual a importância das emoções no processo de aprendizado?
Izquierdo - As emoções se incorporam à memória e ajudam a memória. As memórias que melhor lembramos são as mais emocionantes. São aquelas acompanhadas do que se convencionou chamar de alerta emocional. Por exemplo: com quem a pessoa estava no momento que ficou sabendo que um ente querido morreu. Isso você não esquece nunca. Do dia anterior a isso ou da semana posterior, todo mundo esquece.
JC - Os últimos estudos na área da neurociência, de aprendizado e cognição, têm avançado em qual direção?
Izquierdo - Em todas. A participação das emoções, que substâncias regulam isso, quais os lugares do cérebro regulam isso. Em todas as direções ao mesmo tempo. Lamentavelmente, não temos avançado muito no tratamento de doenças da memória. Por exemplo, a terrível doença de Alzheimer. Estamos sabendo mais coisas sobre como se produz, a que se deve, e, com isso, aprendendo como tratá-la melhor, mas ainda é uma doença que faz estragos.
JC - O cérebro ainda apresenta muitos mistérios a serem desvendados?
Izquierdo - Muitíssimos. Às vezes, me dá a impressão de que cada dia apresenta mais. Trabalha-se e trabalha-se e parece que se está caminhando no mesmo lugar. Aparecem coisas novas. Na medida em que se vão descobrindo novidades, essas descobertas trazem coisas novas, realidades novas.
Fonte: Jornal do Comércio

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Como o cérebro organiza tudo o que vemos!



Tradução de alguns trechos da pesquisa

Os nossos olhos podem ser a nossa janela para o mundo, mas como dar sentido às milhares de imagens que inundam nossas retinas a cada dia? Cientistas da Universidade da Califórnia, em Berkeley, descobriram que o cérebro coloca em ordem todas as categorias de objetos e ações que vemos. Eles criaram o primeiro mapa interativo de como o cérebro organiza estes agrupamentos.
Os resultados foram obtidos por meio de modelos computacionais de dados de imagem cerebral coletados enquanto os sujeitos assistiram horas de clipes de filmes - é o que os pesquisadores chamam de "um espaço contínuo semântico."
Algumas relações entre as categorias faz sentido (humanos e animais compartilham a mesma "vizinhança semântica"), enquanto outros (corredores e baldes) são menos óbvios. Os pesquisadores descobriram que pessoas diferentes partem de um esquema semelhante de semântica. 
"Nossos métodos abrem uma porta que vai levar rapidamente a uma compreensão mais completa e detalhada de como o cérebro está organizado”, diz Alexander Huth, estudante de doutorado em neurociência na Universidade de Berkeley e principal autor do estudo publicado (quarta-feira, 19 de dezembro) na revista Neuron.