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Leila Moura

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Câmara aprova obrigatoriedade do ensino de Libras e Braile


 Câmara aprova obrigatoriedade do ensino de Libras e Braile

Gustavo Lima
Efraim Filho
Efraim Filho foi favorável à proposta.
A Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania aprovou nesta quinta-feira proposta que obriga as escolas públicas e privadas a oferecer a seus alunos com necessidades especiais as linguagens específicas que lhes permitam uma perfeita comunicação, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o sistema Braile.
A proposta, que foi aprovada em caráter conclusivo e segue para o Senado, estabelece que “os sistemas de ensino deverão assegurar aos alunos com necessidades especiais métodos pedagógicos de comunicação, entre eles: Língua Brasileira de Sinais (Libras), tradução e interpretação de Libras, ensino de Língua Portuguesa para surdos, sistema Braille; recursos áudios e digitais, orientação e mobilidade; tecnologias assistivas e ajudas técnicas; interpretação da Libras digital, tadoma e outras alternativas de comunicação”.

O texto aprovado, que altera o capítulo sobre educação especial da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), também amplia o conceito de educação especial. Conforme a definição atual, trata-se da “modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”.
Conforme a proposta, a educação especial é a “modalidade de educação escolar que realiza o atendimento educacional especializado, definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar e suplementar os serviços educacionais comuns oferecidos, preferencialmente, na rede regular de ensino”.
As demais características da educação especial, descritas no artigo 59 da lei, são mantidas pela proposta aprovada hoje.
O texto aprovado é uma emenda do relator da proposta na CCJ, Efraim Filho (DEM-PB), que se baseou no substitutivo aprovado anteriormente pela Comissão de Seguridade Social e Família ao Projeto de Lei 6706/06, da ex-senadora Ideli Salvati (PT-SC), hoje ministra das Relações Institucionais.
A proposta original previa apenas a inclusão da Libras no currículo, mas foi ampliado, atendendo às demais pessoas com deficiência. O texto volta para o Senado por ter sido alterado.
Íntegra da proposta:   PL-6706/2006

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Educar para aprender

Projeto institucional: Repensar a indisciplina
Mais sobre indisciplina

REPORTAGENS

Educação: para onde vamos?

Jornal da Ciência (JC E-Mail)
Edição 4280 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC
Educação: para onde vamos?

Artigo de Otaviano Helene, publicado originalmente em Caros Amigos nº 53, junho, e enviado ao JCEmail.
Nossa situação educacional não mudou significativamente na última década: tivemos um pequeno aumento na educação infantil, um pequeno retrocesso nas taxas de conclusão dos ensinos fundamental e médio e um crescimento do ensino superior. Durante toda a década, continuamos entre a terça parte dos países sul americanos mais atrasados em termos educacionais.
Segundo dados sistematizados pelo Instituto de Estatística da Unesco, nossa taxa de alfabetização de adultos está entre as três piores, de um conjunto de 11 países do continente para os quais há dados disponíveis, juntamente com Peru e Equador. Quanto à alfabetização dos 15 aos 24 anos, que reflete o sistema escolar de um país em um período mais recente, estamos entre os quatro piores. No ensino superior, nossa taxa de inclusão está entre as três mais baixas da América do Sul, apenas maior que as da Guiana e do Paraguai.
O objetivo dessa comparação com países vizinhos não é transformar a análise do desempenho educacional em uma espécie de competição, onde o ranqueamento é o que importa.
O objetivo é mostrar que, embora não tenhamos alguns dos problemas que dificultam o desenvolvimento educacional dos países citados, como populações cultural e linguisticamente diferenciadas e/ou rendas per capita da ordem de metade da brasileira, não conseguimos promover nossa educação a um patamar adequado.

E se não superamos nosso atraso não é porque não conhecemos os problemas que afetam nosso sistema educacional. Afinal, temos um sistema de avaliação, ainda que criticável em vários aspectos, capaz de fornecer indicações bastante precisas dos problemas existentes em cada um dos níveis educacionais, em cada área do conhecimento, em cada região do país e em cada rede ou sistema de ensino. Mas, infelizmente, nenhum dos muitos problemas revelados por essas avaliações está sendo realmente atacado.
Muitas vezes, seus resultados têm sido usados apenas para responsabilizar estudantes e desqualificar educadores. Frases como "só não estuda quem não quer" ou "os professores são responsáveis pelo mau desempenho dos estudantes" são ditas de forma irresponsável. Não há como acreditar, realmente, que as quase um milhão de crianças que abandonam o ensino fundamental a cada ano o fazem porque não querem estudar ou que a responsabilidade por isso é dos professores.
O sistema educacional brasileiro foi, como todos os demais setores de interesse público e coletivo, construído segundo os interesses egoístas, míopes e imediatistas das elites nacionais. Se ele vai mal não é por causa de alguma dificuldade intrínseca que tenhamos, como pode ser o caso de países com populações de línguas, hábitos e culturas diferentes, ou cuja religião dominante impõe fortes restrições à escolarização (em especial de mulheres), ou que passam ou passaram por guerras internas ou externas, ou que foram invadidos por potências estrangeiras, ou que, pobres, sofrem ou sofreram grandes catástrofes naturais, ou, ainda, países que só se livraram recentemente das amarras impostas pelos colonizadores. Nossa educação escolar é ruim e muito desigual porque tem sido abandonada pelo setor público, o que permitiu, inclusive, que grande parte dela se transformasse em simples mercadoria. E esse é um projeto nacional mantido, praticamente sem alterações, há bastante tempo.
O que devemos fazer? - Uma das condições responsáveis pelo nosso baixo padrão escolar é a falta de recursos públicos. Para superarmos os atrasos acumulados e, em
uma década, entrarmos em um novo patamar, precisaríamos mais investimentos públicos, estimados em cerca de 10% do PIB. Foi dessa forma, com recursos, que outros
países superaram seus atrasos educacionais. E esse valor não é alto, pois para atingi-lo, sem sacrificar outros aspectos da vida nacional, precisaríamos transferir
para o setor educacional, durante alguns poucos anos, apenas uma pequena parte do crescimento econômico. Se não fazemos isso, não é porque o país não pode, mas,
sim, porque não quer. Vale mesmo lembrar que os retornos econômicos dos investimentos em educação são altíssimos e, portanto, se pagam em pouco tempo. Ou seja, se
destinarmos uma fração maior do PIB para a educação pública, ele, o PIB, crescerá por conta dos investimentos feitos e, em poucos anos, o balanço, meramente econômico,
já será positivo.
Esses recursos adicionais são necessários para melhorar as condições de estudo e trabalho nas escolas públicas, incluir crianças nas creches e escolas de educação infantil, desenvolver programas de gratuidade ativa e de busca de estudantes prematuramente evadidos, melhorar os salários dos trabalhadores da educação (cuja remuneração é da ordem da metade da remuneração dos demais trabalhadores com igual nível educacional) e ampliar e melhorar e ensino médio. São necessários recursos também para desenvolver políticas adequadas de expansão do ensino superior público que considere as necessidades e possibilidades de cada região do país, o que traria enormes benefícios sociais, econômicos e culturais.
Aumentar os recursos públicos para a educação, embora não suficiente, é absolutamente necessário; como corolário, manter o subinvestimento é condição suficiente para não superarmos nosso atraso escolar.
Para mudar a atual situação é necessária uma mobilização consciente e muito intensa por parte das entidades e pessoas comprometidas com a construção de um país soberano e social, cultural e economicamente desenvolvido. Precisamos intensificar, ou recuperar, a capacidade de luta dos movimentos sociais organizados, especialmente dos movimentos de professores, educadores e estudantes, e estabelecer, com as demais entidades comprometidas com os interesses nacionais, uma pauta conjunta de luta pela educação pública, laica, republicana, democrática e igualitária.

Otaviano Helene é professor do Instituto de Física da USP.

domingo, 5 de junho de 2011

Inclusão de alunos celíacos- Cartilha da Emilia

ACELBRA , em parceria com o Governo Federal e a Universidade Federal de Viçosa tem hoje um material didático muito importante para garantir que os celíacos em idade escolar possam ser INCLUÍDOS em sua sala de aula e também na vida da Escola que freqüentam.
Os pais e responsáveis deverão procurar a Direção, Orientação e professores de seu filho/a celíaco/a, levando a Cartilha da Emília, para que o assunto “ Doença Celíaca” possa ser trabalhado em sala de aula, reunião pedagógica com a equipe de professores e também em reunião de pais. As Cartilhas não devem ser “dadas” para a escola e sim emprestadas para as atividades e depois guardadas pela família, para serem usadas novamente em outras ocasiões ( elas também podem ser usadas para apresentar a doença celíaca em outros ambientes, como cursos fora da escola , reuniões religiosas, clube de mães, etc. ).
Apresentamos aqui algumas Sugestões de Atividades a serem feitas em Sala de Aula, pelas professoras e/ ou pelos pais. As adaptações devem ser feitas, tendo-se em vista o número de alunos envolvidos com as atividades e a idade deles.
Nas classes da Pré-escola:
1- Introdução: Conversar com as crianças sobre alimentação, o que gostam e não gostam de comer, quem tem alergias ou intolerâncias ou conhece alguém que faça regime, etc... perguntar se alguém sabe preparar algum alimento e chamar a atenção sobre algumas pessoas que precisam fazer dietas, como os celíacos, diabéticos e alérgicos.
2- Apresentar a Turma do Sítio do Pica-pau Amarelo, situando quem são os personagens da história:
- Dona Benta – dona do Sítio e avó de Pedrinho e Narizinho
- Pedrinho – neto de D.Benta e primo de Narizinho
- Narizinho – neta de D. Bento e prima de Pedrinho, dona da boneca Emília
- Emília – boneca de pano feita por Tia Anastácia
- Tia Anastácia e Tio Barnabé – empregados e moradores do Sitio
- Visconde de Sabugosa – boneco feito de espiga de milho
- Marquês de Rabicó – porco casado com a boneca Emília
- Saci Pererê – morador da Mata ao redor do Sítio
- Cuca – bruxa moradora da Mata
- Mariana – amiga de Narizinho, visitante do Sítio e que é celíaca.
3- Contar as histórias, resumindo o enredo , chamando a atenção para os detalhes que mais interessam às crianças pequenas. Nesse grupo não é preciso se preocupar com as informações científicas contidas na cartilha. Cada professora ou grupo de pais que for usar a cartilha deve pensar numa forma de explicar isso adaptado à idade de quem está ouvindo as histórias. O que as crianças precisam saber é que algumas pessoas ficam doentes quando comem glúten, pois ele destrói o nosso corpo por dentro e por isso precisam cuidar de sua alimentação.
4- Dramatizar com as crianças uma história. Pode-se criar personagens: Dona Farinha (representando o glúten ), Luizinha/o (criança celíaca ), outros alimentos saudáveis, etc e improvisar com as crianças o “intestino delgado” da Luizinha/o, deitando-as no chão, onde braços e mãos levantados representam as vilosidades. À medida que D. Farinha passa pelas “vilosidades” da criança celíaca, braços e mãos vão se encolhendo ( “atrofiando” )e aí os outros alimentos passam direto e os nutrientes não são “ absorvidos”. Outras variações podem ser pensadas, desde que todos possam entender que o glúten representa perigo para os celíacos. A página 12 da cartilha representa essa situação simulando uma batalha de um exército ( sistema imunológico ) contra um coelho ( substância inofensiva – glúten ), causando uma bagunça no intestino.
5- Preparar com os alunos um painel sobre alimentação saudável e os alimentos que os celíacos podem comer.
6- Fazer uma receita de biscoito ou bolo sem glúten com a ajuda das crianças, para ser servido no horário do lanche deles. Pode-se colocar os biscoitos em saquinhos e produzir etiquetas com as crianças, com a inscrição: “Não contém glúten “. Se a escola não tiver forno, anotar a receita e pedir que as crianças façam em casa.
Alunos do Ensino Fundamental - 1ª à 4 ª séries :
Pode-se usar o roteiro elaborado para a Pré-escola e fazer a adaptação ampliando com mais algumas questões:
1- Introduzir o assunto da alimentação, chegando à questão das necessidades alimentares especiais.
2- Ler a cartilha com os alunos ou deixar que leiam em voz alta
3- Conversar sobre o que os alunos entenderam das histórias
4- Apresentar um mapa do Sistema Digestório e o que acontece com o alimento no organismo de uma pessoa com saúde.
5- Explicar o que é o Glúten e o que acontece no organismo do celíaco.
6- Aqui também é possível usar a dramatização como forma de mostrar aos alunos situações vivenciadas pelos celíacos no seu cotidiano ( aniversários, passeios, escola, restaurantes, reuniões de família, etc ).
7- Elaborar um painel com a Pirâmide alimentar e mostrar as alternativas que o celíaco tem para manter uma alimentação saudável e equilibrada.
8- Visitar um supermercado para uma pesquisa sobre os rótulos dos produtos , verificando onde encontramos a inscrição “Não contém glúten” ou “Contém glúten”, o tamanho e a cor das letras, etc ( nas séries finais é possível ampliar a discussão sobre outras inscrições encontradas nos rótulos, como diet, ligth, sem colesterol, sem gordura trans, sem conservantes, etc...)
9- Elaborar com os alunos um cartaz com 10 dicas para o celíaco se manter saudável. Explicar a questão da contaminação e a necessidade de se seguir a dieta rigorosamente, usando nosso slogan “ Na dúvida, não consuma”.
Nas turmas de 5ª a 8 ª séries:
Os alunos podem ser apresentados ao assunto pelo próprio colega celíaco, que vai relatar sua história de vida e como vem lidando com a dieta sem glúten em seu dia-a-dia. A leitura da cartilha poderá ser feita em pequenos grupos e depois se provocar um debate na turma sobre alimentação saudável, hábitos alimentares de cada um, as doenças que todos conhecem que envolvem diretamente a alimentação. Nessas séries também é possível se propor a leitura de rótulos, visita a restaurantes e lanchonetes para verificar como os alimentos são preparados, quais são os estabelecimentos que sabem o que é o glúten, onde o celíaco pode se alimentar com segurança, etc.
Fazer o painel com a Pirâmide alimentar é sempre uma boa atividade, pois vai fazer o adolescente refletir sobre sua própria alimentação.
Criar em sala um panfleto informativo para ser distribuído para as outras turmas da escola e ser enviado para os pais é uma ótima forma de concluir a atividade.
Material elaborado por:
Raquel Benati
Presidente da Acelbra-RJ

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Segundo Vygotsky, o segredo é tirar vantagem das diferenças e apostar no potencial de cada aluno


Todo professor pode escolher: olhar para trás, avaliando as deficiências do aluno e o que já foi aprendido por ele, ou olhar para a frente, tentando estimar seu potencial. Qual das opções é a melhor? Para a pesquisadora Cláudia Davis, professora de psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sem a segunda fica difícil colocar o estudante no caminho do melhor aprendizado possível. "Esse conceito é promissor porque sinaliza novas estratégias em sala de aula", diz Cláudia. O que interessa, na opinião da especialista, não é avaliar as dificuldades das crianças, mas suas diferenças. "Elas são ricas, muito mais importantes para o aprendizado do que as semelhanças."
Não há um estudante igual a outro. As habilidades individuais são distintas, o que significa também que cada criança avança em seu próprio ritmo. À primeira vista, ter como missão lidar com tantas individualidades pode parecer um pesadelo. Mas a pesquisadora garante: o que realmente existe aí, ao alcance de qualquer professor, é uma excelente oportunidade de promover a troca de experiências.
Essa ode à interação e à valorização das diferenças é antiga. Nas primeiras décadas do século 20, o psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934) já defendia o convívio em sala de aula de crianças mais adiantadas com aquelas que ainda precisam de apoio para dar seus primeiros passos. Autor de mais de 200 trabalhos sobre Psicologia, Educação e Ciências Sociais, ele propõe a existência de dois níveis de desenvolvimento infantil. O primeiro é chamado de real e engloba as funções mentais que já estão completamente desenvolvidas (resultado de habilidades e conhecimentos adquiridos pela criança). Geralmente, esse nível é estimado pelo que uma criança realiza sozinha. Essa avaliação, entretanto, não leva em conta o que ela conseguiria fazer ou alcançar com a ajuda de um colega ou do próprio professor. É justamente aí - na distância entre o que já se sabe e o que se pode saber com alguma assistência - que reside o segundo nível de desenvolvimento apregoado por Vygotsky e batizado por ele de proximal (leia um resumo do conceito na última página).
Nas palavras do próprio psicólogo, "a zona proximal de hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã". Ou seja: aquilo que nesse momento uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém, um pouco mais adiante ela certamente conseguirá fazer sozinha (leia um trecho de livro na terceira página). Depois que Vygotsky elaborou o conceito, há mais de 80 anos, a integração de crianças em diferentes níveis de desenvolvimento passou a ser encarada como um fator determinante no processo de aprendizado.