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Leila Moura

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Depressão, um excesso de conectividade?

Imagens mostram como o córtex frontal (região em vermelho) de 

pessoas com depressão (à esquerda) é mais fortemente conectado ao resto do cérebro quando comparado com 

pessoas saudáveis (à direita)

Há dois meses, foi publicada uma matéria na revista Scientific American que sugeria o seguinte: o cérebro das pessoas depressivas seria mais “conectado” do que o de pessoas saudáveis. Sabe-se que as pessoas com depressão costumam ter problemas de concentração, ansiedade e memória, mas o artigo foi além e declarou que tais  problemas teriam ligação com um excesso de sinais trocados entre as áreas relacionadas à concentração, humor e pensamento consciente.
Nessa linha, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles usaram imagens de ressonância magnética funcional e eletroencefalografia para medir a atividade cerebral de pacientes deprimidos em repouso. Eles descobriram, nessas pessoas examinadas, uma enxurrada de mensagens neurais entre as áreas corticais límbicas (responsáveis por produzir e processar as emoções). Pessoas saudáveis também apresentam essa conexão, mas não de forma tão ativa. Para os pesquisadores, tais sinais podem amplificar os pensamentos negativos dos deprimidos, agindo como um ruído que os impede de prestar atenção às mensagens neurais positivas – aquelas que lhes dizem para seguir em frente.
Outro trabalho, feito pelo psiquiatra Shuqiao Yao da Central South University, na China, e publicado em abril na Biological Psychiatry, revelou de maneira inversa que pessoas propensas a ficarem repetindo continuamente pensamentos negativos apresentam conexões mais fortes entre certos circuitos córtico-límbicos. Por outro lado, menor conectividade em outros desses circuitos corresponde à perda de memória autobiográfica, que é outra coisa comum na depressão.
Por fim, um estudo publicado também este ano na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, trouxe outro achado importante nesse sentido: a terapia eletroconvulsiva, (antes conhecida como terapia de choque) realmente alivia os sintomas da depressão e diminui as conexões na região cerebral onde os sistemas cortical e límbico se cruzam.
Ainda não se sabe com certeza se a hiperconectividade entre essas áreas cerebrais é causa ou efeito da depressão. Mas tudo indica que esse pode ser um bom alvo para o desenvolvimento de novas drogas e tratamentos.

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