Páginas

Educartenasdiferenças

Facebook

Facebook
Leila Moura

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Síndrome de Down - Habilidades fundamentais para a linguagem


Habilidades fundamentais para a linguagem

São as habilidades visuais, auditivas, táteis, motoras, cognitivas e o conhecimento referencial. De acordo com pesquisas, existe uma hierarquia organizada dos níveis de integração sensorial. A criança progride das habilidades táteis para as visuais, então para as auditivas, e só então está pronta para dominar as habilidades cognitivas e de linguagem (Ayres, 1980).
Habilidades táteis, visuais e auditivas nos ajudam no caminho para fala e linguagem (Ayres e Mailloux, 1981). Elas nos auxiliam a aprender sons e palavras, nos habilitam a estabelecer feedbacks entre os olhos ouvidos, boca, lábios, língua, maxilares e o cérebro. Uma vez estabelecidas estas relações, podemos perceber se os fonemas e palavras soam e parecem certos para nós.

Habilidades de atenção
Atenção significa ser capaz de focar-se em uma pessoa, objeto, ou evento. Em bebês, observamos esta habilidade quando ele fica atento ao rosto de seus pais e escuta atentamente os sons de seu ambiente (Kumin, 1994).

Habilidades visuais
As habilidades visuais sobre as quais a linguagem se constrói são a recepção visual, contato ocular, olhar recíproco, atenção visual, localização visual e referente ocular (olhar referencial) (Kumin, 1994).
Recepção visual: é a habilidade de usar o sentido da visão, ou seja, uma combinação do que se vê e a habilidade de entender o que se vê. As Diretrizes de Saúde à Pessoa com Síndrome de Down do Ministério da Saúde recomentam a realização de exames oftalmológicos para investigar possíveis problemas que possam prejudicar a recepção visual.
Olhar recíproco: é o contato ocular, eu olho para você e você olha para mim. Devido ao baixo tônus muscular e dificuldades visuais, pode ser necessário proporcionar maior sustentação para a cabeça e pescoço e para compensar eventuais problemas visuais. Crianças com SD aprendem bem o contato ocular, que é base para aquisição de fala e linguagem pela observação e o olhar, bem como no contato ocular durante as futuras conversações.
Atenção visual: para aprender conceitos de linguagem, a criança precisa ser capaz de prestar atenção visualmente a um objeto, a olhar para ele por um longo período de tempo. Assim, uma vez que a criança consiga olhar para você, olhar para um objeto, e seguir um objeto em movimento, é importante mantê-lo olhando e prolongar o tempo do olhar.

Localização visual: ou acompanhamento visual. Capacidade de acompanhar visualmente objetos em movimento e localizá-los com o olhar. Ajuda a criança a aprender sobre o mundo que a cerca.

Referente ocular: significa que o bebê foca um objeto. No começo, o bebê vai simplesmente olhar para o objeto. Reagindo a este olhar, você pode então nomear o objeto. Na segunda fase, do olhar compartilhado, o bebê segue a linha do olhar da outra pessoa, e presta atenção naquilo que a outra pessoa está olhando. O olhar referencial é a base para aprender os nomes dos objetos. Quando uma criança pode olhar para um objeto, pode explorar um objeto, e domina a permanência do objeto, ela está pronta para aprender a palavra relacionada àquele objeto.

Habilidades auditivas
As habilidades auditivas fundamentais para a linguagem são:

Recepção auditiva: crianças com SD têm maior risco de perdas auditivas. São essenciais os controles pediátricos e audiológico periódicos e tratar todo problema auditivo que surgir (Cohen et al., 1999, Roizen et al., 1994, Shott,2000). Alguns tipos de testes podem ser feitos durante a primeira semana de vida do bebê. Otite média serosa – inflamação da orelha média com fluido atrás do tímpano – é o problema mais frequente que interfere na transmissão dos sons, e o resultado é uma perda auditiva condutiva flutuante. É difícil para uma criança aprender a ouvir e discriminar os sons quando ela às vezes ouve, às vezes não (Roberts e Medley,1995).
Atenção auditiva e aumento do tempo de atenção: quando é confirmado que a criança é capaz de ouvir sons ambientais e de fala, a prática de discriminar e atentar aos sons pode começar. Músicas ou fitas gravadas com sons familiares, brinquedos sonoros e jogos manuais com movimentos manuais ajudam. O objetivo é estender o tempo de atenção da criança aos sons.

Localização sonora: capacidade de localizar, de se virar para uma fonte sonora. Esta habilidade pode ser ensinada, desde que a criança tenha uma audição adequada. Uma boa técnica para ajudar uma criança a localizar sons, é sentar em uma cadeira giratória. Alguém toca um sino, ou toca uma música, fora do campo de visão da criança. Diga: “Você ouviu este sino?”. Gire então a cadeira e olhe diretamente para a fonte do som: “Ali está o sino.”A pessoa toca o sino outra vez, agora deixando que a criança o veja, para reforçar a conexão entre o sino e o som. Pratique localização sonora por curtos períodos, várias vezes ao dia (Kumin,1994).

Integração auditiva: é a habilidade de organizar e interpretar estímulos auditivos que incluem sons, fonemas, fala e música. Algumas crianças com SD têm dificuldade na integração auditiva, outras não. A dificuldade pode ser observada em uma variedade de situações incluindo dificuldade em tolerar sons altos, dificuldade em focalizar em mais de um falante ao mesmo tempo, e dificuldade em ouvir uma conversação quando há ruído ambiental.

 Habilidades táteis
O sentido do tato é muito importante para as crianças. Não só as auxilia a estabelecer contatos com pessoas e objetos, como também proporciona um meio de explorar seu mundo. Ao explorar, a criança estabelece laços de feedback que a ajudam a integrar informações sobre os objetos que toca. Crianças pequenas apreciam explorar texturas e podem ser bastante sensíveis ao toque. Elas podem não querer tocar ou ser tocadas (conhecido como defesa tátil). Habilidades táteis podem ser trabalhadas precocemente através de terapias de integração sensorial(Ayres, 1984).

Habilidades de imitação e habilidades motoras
Existem muitas oportunidades para ensinar e praticar imitação, que é uma habilidade básica para aprendizagem da produção de sons e palavras. A prática deve iniciar com imitação motora e evoluir para imitação corporal, imitação oro-motora e imitação de sons de fala.

Habilidades cognitivas
Para o desenvolvimento da linguagem, são importantes aprender alguns conceitos:
Permanência do objeto: é a conscientização de que um objeto ainda existe mesmo que não possa ser visto. Sabemos que uma criança tem a noção de permanência do objeto quando ela procura por um brinquedo escondido ou quando joga um brinquedo e depois procura por ele. Este é um precursor importante do nomear com fala ou sinais, pois sem a noção de objeto permanente, nomear objetos fica sem sentido.
Causa e efeito: é aprender que cada ação tem um resultado ou consequência. Crianças que estão aprendendo sobre causa e efeito gostam muito dos interruptores para acender e apagar luzes e ver o resultado instantâneo. Esta habilidade está intimamente relacionada à atenção comunicativa (Kumin, 1994).

Planejamento: é a compreensão de que um plano de ação é necessário para se atingir um objetivo. Por exemplo, se uma cadeira está na frente da TV, é preciso empurrar a cadeira para ver a TV. A criação de frases (uma habilidade de linguagem expressiva) e certas estratégias para comunicação estão baseadas nesta habilidade cognitiva.

Habilidades oro-motoras:
A hipotonia é comum em crianças com SD. Muitas das dificuldades observadas na inteligibilidade de fala são devidas ao baixo tônus muscular e fraca musculatura de lábios, língua e palato. O objetivo é ajudar a criança a desenvolver a força muscular e o controle da mobilidade oral. Isto pode ser feito com estimulação e com imitação. Exercícios de sucção podem ser utilizados. Usar um espelho para proporcionar feedback visual é bastante produtivo.

Habilidade de planejamento motor
Quando a criança pratica movimentos orais e percebe como produz os movimentos, o cérebro cria um registro, o que auxilia os movimentos a se tornar automáticos. Esta prática é indicada para todas as crianças com SD. Algumas delas têm dificuldade com o planejamento motor para fala, conhecida como dispraxia verbal, que só fica evidente mais tarde no desenvolvimento da criança.

Habilidade de produção de sons
O primeiro som que o bebê geralmente produz é o choro. À medida que se desenvolve, ele amplia a variedade de sons. Riso, resmungo, estalos, gritos são sons produzidos bem cedo. Quando a criança começa a produzir sequências de sons, por exemplo, babababa, mamamama, é chamado balbucio.
No início do balbucio, a criança parece gostar das sensações dos sons e logo começa a aproximar suas emissões aos sons de sua língua nativa. À medida que cresce, a criança começa a produzir mini conversações usando jargão. Isto demonstra entendimento do ritmo e inflexões da linguagem; ela conhece a melodia da linguagem, mas ainda precisa aprender as palavras. Este é o último estágio pré-verbal. Significa que a criança está quase pronta para usar palavras faladas.